I thought we start collecting bits by different papers citing the book by Mr. Amaral.
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Maddie: quase disse onde estava o corpo
Gonçalo Amaral acredita que a dada altura da investigação Kate McCann quase revelou, de forma indirecta, onde estava o corpo da filha
* Kate McCann - Foto EPA
O ex-inspector da Polícia Judiciária, Gonçalo Amaral, responsável durante seis meses pela investigação ao desaparecimento de Madeleine McCann, e mais tarde afastado do caso, assume poder ser «ingénuo» mas acredita, como outros investigadores que trabalharam consigo, que Kate «estaria na disposição de, sem se comprometer, indicar o local onde o corpo da filha estava, e que o mesmo se situaria na zona da Vila da Luz».
A partir de uma certa altura, a mãe de Maddie, começou a transmitir à judiciária informação que recebia de psíquicos e pessoas com poderes paranormais, sobre onde poderia estar o corpo da criança. Um mês depois «ela já colocava a hipótese» da filha não estar viva, apesar de afirmar o contrário publicamente.
A revelação é feita no livro, «Maddie a verdade da mentira», que o ex-inspector da PJ, apresenta esta quinta-feira, em Lisboa, e onde relata, em 200 páginas e 23 capítulos, diversos passos da investigação e a sua versão dos acontecimentos. Entre os muitos dados revelados, encontramos os principais motivos que sempre levaram Gonçalo Amaral a desconfiar de Gerry e Kate e do grupo de amigos que com eles passavam férias. Admite mesmo que o casal foi tratado «com pinças» e «com privilégios».
Depoimentos não coincidem
Os depoimentos prestados pelo grupo relativos à noite dos factos, e na qual estavam a jantar juntos, não são coincidentes. Há discrepâncias nas horas, nas sequências e nos pormenores relatados. Foram mesmo entregues à judiciária duas listas manuscritas pelo grupo, sobre as horas a que os diferentes membros do grupo foram controlar as crianças. Os dois documentos que não são iguais e «nota-se» uma tentativa de preencher vazios temporais.
Kate deu o alarme por volta das 22h e garante que a janela do quarto da filha estava «toda aberta» e as persianas levantadas. Gonçalo Amaral questiona, por exemplo, que a amiga do casal ¿ Jane - possa ter visto um homem carregar uma criança nos braços por volta das 21h20/21h25. Quando pouco tempo depois, e antes de ser dada falta da menor (21h30), outro membro do grupo, Matthew, vai aos apartamentos e não nota que a janela do quarto esteja aberta. Pela sequência dos eventos, o alegado raptor já teria entrado na casa e levado a menina nessa altura.
No dia seguinte ao fatídico acontecimento, há uma reacção de Kate que deixa Gonçalo Amaral espantado. Alguém afirma ter visto uma menina parecida com Maddie numa estação de serviço e há imagens de vídeo. Kate que já tinha sido ouvida na PJ é obrigada a regressar: «Mostra-se um pouco enfadada por ter sido obrigada a regressar e incomodada com a velocidade atingida pelo carro da policia onde se deslocava. Estranhámos que não se mostrasse esperançada com a possibilidade de a menina ser recuperada».
Registos de chamadas apagadas
Na manhã seguinte ao desaparecimento, a PJ pede aos pais para consultar os seus telemóveis. E descobrem que entre 27 de Abril e 4 de Maio, Kate não fez nenhuma chamada. Nem recebeu nenhum telefonema entre as 11h22 de dia 2 de Maio e as 23h17 da noite dos factos.
Já Gerry não tinha nenhum registo anterior ao dia 4 de Maio. Todavia, os agentes reparam que no telemóvel de Kate está indicada a recepção de uma chamada feita pelo seu marido às 23h17 do dia 3 de Maio. Mas no dele não consta nada. A PJ concluiu que os registos das chamadas foi «apagado dos telefones». Porquê?
Maddie: quase disse onde estava o corpo (parte II)
Gerry descontraído chupava um chupa-chupa e discutia rugby, enquanto esperava informações que podiam levar à filha
* Gerry McCann à saída da PJ [Melanie Maps/Lusa)
Quarto arrumado
E porque estava o quarto das crianças tão arrumado? Nem parecia que Madeleine tivesse dormido na sua cama. Para levar a crianças, um raptor teria de se ter apoiado em alguma coisa, devido à altura do parapeito da janela, mas nada na divisão indicava isso. Até as roupas de cama dos berços foram «levadas».
Além disso, parecia impossível a janela ter sido aberta por fora, até porque as persianas ¿ que estavam descidas, segundo os pais ¿ também só abriam por dentro do quarto. E não havia sinais de arrombamento da porta da frente.
Havia ainda a sensação de que algumas coisas tinham sido mudadas de sítio na sala como, por exemplo, um sofá. Local onde mais tarde, um dos cães ingleses detectou odor a cadáver.
Há ainda o caso de uma família irlandesa de férias na praia da luz que contactou as autoridades e garante ter visto um homem a carregar uma menina, por volta das 21h55, numa zona e num sentido diferente ao da amiga do casal, Jane. A família é trazida ao Algarve e os depoimentos, de três pessoas da mesma família, são considerados credíveis. Na altura, defendem que era Madeleine, e fazem uma descrição da roupa que trazia, mas não conseguem identificar o homem que a levava.
Mais tarde voltam a contactar as autoridades porque, após verem imagens de Gerry com um dos gémeos ao colo, admitem como quase certo que o homem que viram poderia ser Gerry. Pela forma de pegar, igual à que tinham visto na praia da Luz, e pela forma de andar.
Os diplomatas
Logo no dia seguinte ao desaparecimento da menor, o cônsul britânico dirigiu-se ao Departamento de Investigação Criminal (DCI) da Polícia Judiciária, em Portimão. Mais tarde, entrou em campo o embaixador inglês e Gonçalo Amaral questiona se é normal esta preocupação da diplomacia inglesa? Serão assim com todos os casais britânicos?
Gonçalo Amaral diz que, a dada altura, após Gerry e Kate terem contactado com o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, ficou «com a certeza de que o caso passaria a ser tratado como um problema político, pelo menos, em Inglaterra».
Os relatórios realizados pelo laboratório inglês são outro mistério. Numa primeira análise seguem um rumo, e noutros documentos posteriores ignoram dados que certificaram no primeiro documento enviado. Como por exemplo, os 15 marcadores (em 19 possíveis) que coincidiam com o perfil do ADN de Madeleine.
Gerry descontraído
Outro episódio deixou Gonçalo Amaral perplexo, mas desta vez o actor foi o pai. Enquanto esperavam o contacto de alguém que dizia ter informações sobre o paradeiro da menina e que as daria em troca de dinheiro, Gerry, na mesma sala que os inspectores e negociadores da PJ, agentes da Scotland Yard e a policia Leicestershire mostrava-se relaxado.
«A tensão na sala era grande». Pelo contrário, a postura descontraída de Gerry contrastava com a ansiedade dos polícias e deixava intrigados todos os investigadores. Até os ingleses. (...) chupava descontraidamente um chupa-chupa enquanto lia banalidades na internet e discutia rugby com um dos polícias ingleses».
«Havia mesmo uma frase que um dos polícias ingleses costuma referir em relação ao temperamento de Gerald McCann, sobre a frieza que este sempre demonstrou em relação ao caso: "não se esqueçam que ele é cirurgião-cardiologista e começa a abrir pessoas ao meio logo depois do pequeno-almoço"».