O BEIJO Guardo teu beijo, terno beijo, na memória. No outono cinza, a despedida, último adeus, como se foras sem deixar-me uma esperança de reviver o teu carinho e os lábios teus! Amargurando o teu partir, restou-me o beijo. Sonho desfeito, nem as folhas esqueceram, no farfalhar, de relembrá-lo nas canções, brincando algures junto às brisas outonais! As estações se sucederam desde então! Alma constrita, olhar perdido no horizonte, dei-me ao letargo dos impulsos lascivosos! Trago a utopia de uma espera que me aturde! Cedo o destino e a vida; ao tempo, entrego a morte, mas na esperança de beijar-te uma outra vez! (Antonio Kleber) O BEIJO
| O AGORA É NOSTALGIA Por mais que os meus anseios relutantes procurem te esquecer, eu não te esqueço. Afundo-me nas dores angustiantes, sofrendo o que não quero e não mereço. A luz da espera vã me ofusca o senso, levando ao descompasso o coração. Sobra da luta ingente que não venço o amargo mais profundo e a frustração. Entendo que o amanhã é outro dia; outras serão as veias do sentir, no processo primário do esquecer. Ocorre que o agora é nostalgia, desejo insatisfeito a me aturdir, solidão sem fronteira a me render. (Antonio Kleber) (Leia QUARENTA SONETOS SEM PECADOS, de Antônio Kleber �?Editora ZEM �? RJ �?2007)
|